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domingo, 23 de setembro de 2007

Cecily von Ziegesar...

Fui surpreendido com a notícia de que o pai da escritora estadunidense Cecily von Ziegesar "nasceu em São Paulo", segundo ela mesma declarou em entrevista ao portal G-1, da Globo. Portanto, o pai da Cecily deve ser filho do Barão Lothar von Ziegesar...

Cecily foi convidada a participar da Bienal do Livro do Rio de Janeiro por conta de seu livro Gossip Girl, fenômeno de vendas no segmento "teen" do mercado editorial estadunidense desde que foi publicado em 2002.

Mas quem foi mesmo seu avô paterno? O que ele tem a ver com a história brasileira da música popular?

Para quem não sabe, o tal Barão vem a ser o "gerente geral da Victor Talking Machine Company do Brasil" (sic), companhia fonográfica (importantíssima para a história brasileira da música popular) que aportou em São Paulo e no Rio de Janeiro no final de 1929.

O número 32 da revista Phono-Arte, publicado no Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1929, p. 25-26, dá conta da chegada da Victor e até traz uma "foto de estúdio" do tal Barão, avô da Cecily.

Os estúdios de gravação da Victor eram no Rio de Janeiro; a fábrica, em São Paulo -- daí o Barão ter vivido em Sampa com a família.

No meu livro Auxílio Luxuoso dou conta do total e absurdo esquecimento porque passam os administradores das companhias fonográficas -- isso por parte dos "grandes críticos de MPB" que escreveram a "história semi-oficial da MPB", gente como: José Ramos Tinhorão, Ary Vasconcellos (já falecido), Sergio Cabral et al. No meu entender, a história desses administradores poderia lançar alguma luz sobre a história brasileira da música popular.

Quem sabe uma pequena biografia do Barão (sobretudo em torno de sua curta estadia na capital paulista) ajudasse a esclarecer as intenções ulteriores das companhias fonográficas ao se instalarem de malas e cuias em um país periférico como o nosso ainda no final dos anos 1920.

Talvez porque não interessasse (de fato não interessa ao público leitor da escritora estadunidense aqui no Brasil), nenhum jornalista tenha sequer perguntado à Cecily o porquê de seu pai ter nascido no Brasil, em São Paulo. A informação bem que podia puxar um fio desse novelo... Quem sabe não era isso mesmo que a própria Cecily estava querendo quando afirmou que seu pai havia nascido em São Paulo?